FICHA TÉCNICA
Projecto: Casa Pescadores
Localização: Trafaria, Portugal
Programa: Reabilitação e Ampliação de Habitação Unifamiliar
Área: 204m²
Fase de Projecto Actual: Concluído
Ano: 2016-2017
PRÉMIOS
ArchDaily - Nomeação para Refurbishment Award 2019
MEMÓRIA DESCRITIVA
O projecto Casa Pescadores tinha como desafio a reabilitação de uma habitação unifamiliar, situada no centro da Trafaria – uma vila piscatória na margem esquerda do Rio Tejo, defronte da cidade de Lisboa. Ao longo do séc. XX foram sendo construídos silos e outros equipamentos industriais e as típicas casas de pescadores começaram a ser substituídas por construções de carácter ilegal, condenando a pequena vila à degradação urbana. Ao visitarmos o local deparámo-nos com um edifício em plena ruína – uma antiga casa de pescadores. Caminhámos um pouco pelas ruas da envolvente e acabamos por ser abordados por uma senhora que outrora terá habitado o piso superior da casa principal, e que nos contou como era viver naquele sítio. Começou por ser uma surpresa perceber que aquele pequeno edifício era dividido em duas habitações diferentes – uma no piso 0 e outra no piso 1 (constituído por águas-furtadas, com um pé direito máximo de 2m), sem quaisquer infraestruturas. A construção era bastante pobre, feita com os materiais que estavam à mão – areia, lama, pedras, conchas, pequenos pedaços de cerâmica, madeira, etc. Tendo este cenário presente, pareceu-nos óbvio que deveríamos contrariar o recente historial desta vila. Seria essencial preservar a traça original deste edifício, adaptando-o às necessidades dos actuais proprietários – uma jovem família. O objetivo dos clientes era conseguir uma casa multifuncional – uma casa de férias e para aluguer de curta duração no presente, e uma habitação onde gostariam de viver no futuro. A pré-existência era constituída pela casa principal, descrita anteriormente, por uma garagem e um anexo. Era essencial criar um espaço luminoso que se relacionasse com o exterior, pelo que através da ampliação dos vãos existentes – passando de simples janelas a portas – tentámos quebrar todas as barreiras previamente existentes. A entrada da habitação foi redefinida através de um novo volume, entre o edifício principal e a antiga garagem que foi transformada, por sua vez, num quarto, com um caráter mais independente. O piso térreo do edifício principal foi desenhado de forma a ficar livre de obstáculos, com espaços amplos, ligados entre si, tendo como elementos-chave, a zona de estar/refeições e cozinha, separados apenas pelo volume que constitui as escadas. Com o intuito de criar dois quartos e uma instalação sanitária no piso 1, a cobertura foi repensada, sendo uma vertente do telhado mantida com o seu desenho original, e a outra redesenhada, com uma inclinação de 20º, permitindo a criação de uma grande vão, de forma a garantir uma melhor habitabilidade dos espaços. No pátio foi construído um novo volume, para arrumo de bicicletas, lenha, etc, que incorpora uma zona de barbecue, um duche exterior e um banco – surgindo como uma espécie de escultura, que para além do seu o caráter funcional, tem ainda o objetivo de reorganizar o espaço exterior, separando o espaço de estacionamento da zona de jardim.